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Minha Última Viagem é mais uma de minhas tentativas ‘escrevinhativas’. Todo homem deveria “plantar uma árvore, ter um filho e fazer um livro”. Ainda não fiz nenhum destes três, mas tenho esboço para todos.

“Minha Última Viagem” é uma história extraordinária de quando realmente conseguiu-se viajar para o mais além do espaço. Uma aventura insólita. Um descobrimento novo e atual, coberto de informações verídicas sobre esta infinitude espacial.

Para dar-lhes uma mínima noção, deixarei uma palhinha da história e, a quem puder comentar, agradeceria desde já pelo estímulo ao término da história. Afinal, preciso de um filho, mesmo que este nasça de uma árvore que foi escrita.

Abraços!
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Quando garoto, costumava estar viajando. Não havia tempestade ou bronca que me impedisse de voar. Voava pelos campos da imaginação, tão só e contente. Por vezes, em plena sala de aula, os minutos passavam como velocidade da luz: num momento eu tirava os livros bem encapadinhos e cheios de orelhas da mochila, no outro, via-me guardando. Nunca soube realmente o que era o ‘momento presente’. Aliás, o momento presente me existia em diversos mundos. Talvez, no meio da aula quando diziam meu nome, eu proferisse: “– Presente!” – porém, era besteira: estava mais ausente que qualquer aluno.

Nunca fui um menino desconcentrado, pelo contrário, sempre sabia tudo que se passava em sala de aula. Hoje penso que quem aprendia era meu inconsciente, porque costumava sonhar com as aulas dos dias, mas não sempre. Havia uma matéria que eu odiava: estudos sociais. Naquela época englobava juntas história e geografia. Nunca fui de querer saber de lugares: eu nunca estava em lugar algum e ainda aterrissava em todos! Sobre as histórias, não queria sabê-las, mas criá-las.

Vivia com cinco irmãos mais velhos e cada um dele tinha uma dificuldade. A minha era conviver com cinco irmãos mais velhos. Minha palavra era a última das crianças, quando era. Eu costumava gaguejar e entre um “e-eu vo-vou”, escárnios me reprimiam e eu voltava só, ao pensamento. Meu desejo era ser telepata e poder explicitar tudo que quisesse, sem, então tartamudo, ter que dizer uma palavra. Foi quando conheci Helito.

Helito era meu vizinho: morava com os avós e era tão franzino e pequeno que ninguém o enxergava. Não sei hoje se massa muscular ou cerebral ajuda às pessoas prestarem atenção n’outras, mas aprendi que a beleza é uma característica que ajuda. Helito não era belo, muito menos eu, contudo, nossa conversa era quase telepática.

Qualquer coisa que víamos ou compartilhávamos, os dois pensavam a mesma coisa. Bastava um olhar pro outro que explodíamos na gargalhada ou na surpresa de nos saber tão iguais.
Por toda minha infância passei calado, viajando, às vezes com Helito e noutras solitário, naquelas viagens mais particulares. Cresci assim e tudo que eu aprendi foi ter aversão ao mundo de fora, porém hoje, aos meus 30 anos, pareço ter uma grandíssima experiência deste mundo interior.

Num dia de inverno antes de completar 27 anos de vida eu conheci Julio Verne. Estava de férias na época e como era compulsivo por leitura, passei num sebo e trouxe todos os livros que havia prometido conhecer. Saberia exatamente sobre cada história de cada autor que só de nome conhecia e jamais houvera lido. Era-me horrível ficar de fora das conversas literárias, já que uma das minhas paixões era a leitura. Nos encontros de livros que eu participava, – que eram basicamente nerds discutindo sobre a literatura – muitas vezes alguém vinha com um autor que me vislumbrava o nome, mas não conhecia realmente. Isto me deixava extremamente mal-humorado.

Comecei a ler Julio Verne e me apaixonei pelas suas viagens. Achei parecidas com as minhas ilíadas interiores que tanto prezava, ainda que parecessem tão irreais! Foi quando eu comecei a questionar se minhas viagens interiores não se poderiam exteriores. E se pudessem, – eureka? Loucura? – como eu poderia conquistá-las, desbravá-las? Este foi o início de uma grande e genial invenção; o início de uma viagem ainda mais extraordinária que as meio ficcionais de Julio Verne. Foi quando ganhei o espaço!

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